O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) esteve, neste domingo, no município sertanejo de Itacuruba, localizado a 470 quilômetros do Recife. O parlamentar foi ver in loco a região onde se discute a construção de uma Central Nuclear, com seis reatores.


Na cidade, o deputado pedetista foi recebido pelo povo Pankará Serrote dos Campos do município, onde participou de uma reunião e ouviu as principais reivindicações. A cacica Lucélia Cabral, o pajé Geraldo e o líder indígena Jorge França conversaram com o deputado sobre as necessidades da aldeia e, também, acerca da ameaça de instalação da usina no local.


Durante a visita, o deputado foi às margens do rio São Francisco acompanhado pela cacica Evanir, do povo Tuxá Campos, também de Itacuruba. A cidade é cortada pelo afluente em quase toda a sua extensão. “Há grande resistência dos povos tradicionais ao projeto que prevê a implantação de uma usina nuclear na região, pelo risco de acidente, pela ameaça à vida humana, pelo impacto ao meio ambiente”, argumentou Gadêlha.
Os Tuxá, que também são contra a instalação da Usina na localidade, denunciam que vêm sendo perseguidos politicamente. Segundo a cacica Evanir, eles estão esquecidos pelo poder público municipal e estadual. “É preciso melhorar o acesso à educação, à saúde e à internet, principalmente por causa da pandemia. É necessário investir no recapeamento das estradas e ruas”, revelou. “O papel do poder público é verificar quais as necessidades do povo e não apenas o povo ir ao poder público pedir as devidas melhorias”, acrescentou.


Além das conquistas recentes que o mandato de Túlio Gadêlha garantiu para os povos indígenas no enfrentamento à pandemia da Covid19 e na permanência da demarcação de terras dentro da Funai, tramita na Câmara projeto de lei de autoria do deputado que garante professor indígena na educação básica em áreas de concentração de povos originários, reservando vagas a candidatos indígenas em concursos públicos. “O conhecimento dos povos indígenas é fundamental, também, na administração pública”, afirmou.


REQUERIMENTO
No início deste ano, o pedetista protocolou requerimento, solicitando ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, informações sobre o projeto de construção da usina, mais precisamente o local onde será instalada a central nuclear. Em resposta foi informado que ainda não há área exata definida para a construção da usina em Itacuruba.


Ainda de acordo com o documento enviado pelo Ministério de Minas e Energia, “apenas foi feito um estudo requerido pela Eletronuclear em que foram identificados na região Nordeste 40 sítios que servem potencialmente para a implantação de uma central nuclear”. Itacuruba estaria inserida na “Área Candidata 1”, conforme o ofício.


Desde 2007 que o assunto foi posto em discussão, mas existe uma grande dificuldade em obter informações do Governo Federal, que mantém o estudo sob sigilo.


Para além da falta de informação, a população a ser atingida – composta por comunidades tradicionais, dentre elas quilombolas e indígenas – possui o direito à consulta prévia assegurada na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, o que está sendo explicitamente desrespeitado.

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