“O ministro precisa acordar. O Brasil se tornou o novo epicentro mundial da pandemia”, alertou o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) sobre a postura do atual ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga – o quarto a assumir o cargo. Para o parlamentar, o médico fala como se Bolsonaro estivesse acertando, quando afirma que “a política de saúde não é do ministro, é do presidente”.
Em entrevista à CNN, Queiroga descartou lockdown como “política de governo” contra a Covid19 e afirmou ainda que, embora não haja um tratamento contra a doença, “os médicos têm autonomia para prescrever.”
Segundo o novo ministro, em matéria publicada no G1.com, “o governo está trabalhando. As políticas públicas estão sendo colocadas em prática”, assegurou e acrescentou na mesma reportagem: “a política é do governo Bolsonaro. A política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo. O ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a esse trabalho”.
O médico substitui o general Eduardo Pazuello, que deixa o cargo suspeito de crimes, investigado pela Polícia Federal e com o país batendo recordes diários de mortes pela Covid19.
O cardiologista Marcelo Queiroga passou a ser o mais cotado após a também cardiologista Ludhmila Hajjar recusar o convite de Bolsonaro para assumir a pasta, alegando que falta “convergência técnica” com o Planalto – especialmente no que diz respeito ao lockdown e tratamento precoce – e citando “cenário sombrio”.
Queiroga, que também tem perfil técnico e é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), já criticou o uso de medicamentos sem eficácia comprovada defendido pelo governo federal, como a cloroquina, e é a favor do isolamento social como medida para evitar a propagação do vírus. Mas, parece, que o pouco convívio com o presidente já o deixou cético no que tange às medidas sanitárias necessárias para conter o avanço da doença no País.
“Não é novidade que o uso de máscara, o isolamento social e a higiene, além da vacinação em massa, são as medidas eficazes no combate ao vírus. Fazer diferente disso é se colocar na contramão da ciência e a favor de uma política genocida”, afirmou o deputado.
Atualmente, o País enfrenta o registro de aproximadamente 282 mil mortes em decorrência da Covid19, quase 12 milhões de infectados e um sistema de saúde colapsado. Para achatar a curva de contágio e, assim, desafogar as UTIs que, na maioria dos estados, ultrapassaram o percentual de segurança para promover o revezamento dos enfermos, muitos governadores restringiram a circulação de pessoas e outros decretaram lockdown.

PAZUELLO
De perfil negacionista, assim como o seu ex-chefe Bolsonaro, o general da ativa Eduardo Pazuello assumiu o Ministério da Saúde em maio de 2020, depois da saída relâmpago do médico Nelson Teich, que havia substituído o também médico e ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Sob o comando de Pazuello, o ministério deixou de divulgar informações sobre o total de casos e mortes pela Covid19 no País, defendeu a cloroquina e a hidroxicloroquina como medicamentos eficientes para o tratamento da doença, e divulgou um documento que amplia a possibilidade do uso dos remédios.
Ainda sob a sua gestão, o Amazonas viveu a pior fase da pandemia. Com o desabastecimento de oxigênio hospitalar, muitos doentes morreram asfixiados. Em sua última entrevista como ministro da Saúde, ele chegou a dizer que o “Ministério não tem nada a ver com a falta de oxigênio”. Pela crise em Manaus, o ex-ministro da Saúde é investigado pela Polícia Federal.

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