O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT)  entrou com um pedido de informações ao  Ministério da Defesa a fim de apurar os detalhes da construção da Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército no estado de Pernambuco. Isto porque no último dia 23 de março, foi realizada cerimônia para lançamento da pedra fundamental da Escola, que deverá ser erguida com dispensa de licenciamento ambiental dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe.

O megaempreendimento deve desmatar 150 hectares de mata atlântica em Chã de Cruz, distrito a aproximadamente 15 quilômetros do município de Paudalho. A mata do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC) é a maior faixa contínua desse bioma, que é um dos mais ameaçados do planeta, e fica ao norte do rio São Francisco.

“Os responsáveis pelo empreendimento, possuem ciência que a área prevista para construção e instalação da ESA se trata de área de proteção ambiental (APA), amparada pelas leis de proteção aos mananciais, pela lei da mata atlântica e por diversas outras legislações de proteção ambiental que impõe restrições e limites à empreendimentos que coloquem em risco o ecossistema destas áreas? Como compatibilizar estas restrições com a construção do empreendimento de tamanha magnitude? Essas são algumas das perguntas que precisam ser respondidas”, explica Gadêlha.

O deputado federal vem atuando em defesa da APA Aldeia-Beberibe há pelo menos dois anos, desde o plano do governo de Pernambuco de construir o arco-metropolitano. “Nós não somos contra a criação da Escola aqui no Estado, estamos apenas preocupados com a falta de transparência com relação aos possíveis danos ao meio ambiente com sua instalação em uma área de preservação”, comentou.

Para Sylvia Siqueira, diretora executiva de Nossa América Verde, em tempo de emergência climática, é preciso ter responsabilidade com o “desmatamento zero”. “Nenhuma obra pode receber licença sem a realização prévia do estudo de impacto ambiental. A mata atlântica já perdeu muito da sua vegetação natural devido a projetos de desenvolvimento que destruíram a natureza, removeram pessoas de suas casas, acabaram com lençóis freáticos e a biodiversidade. É preciso fazer diferente. O Brasil deve assinar o Acordo de Escazú na América Latina e assumir o compromisso com os direitos de acesso à informação, participação e justiça em temas ambientais. Preservar a mata atlântica é também cuidar da vida das pessoas”, pontuou.

Diversas associações e entidades ambientalistas como o Fórum Socioambiental de Aldeia, encontram-se em situação de alerta e preocupação diante da alarmante falta de informações e detalhamentos acerca do empreendimento, dos seus impactos e riscos para o meio ambiente. 

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