Em cada semáforo, um apelo: seja por comida ou por emprego. Se antes, o número de pessoas nas ruas das capitais brasileiras já era relevante, dada a situação do País, atualmente com o agravamento da pandemia da Covid19, os cruzamentos dos grandes centros urbanos estão cheios de moradores de rua ou desempregados, levantando cartazes com pedidos de socorro.


“Estou com fome”; “Preciso de comida”; “Estou desempregado” são algumas frases que estampam o cenário dramático imposto pela falta de assistência dos governos Federal e estaduais no tocante às consequências graves da crise sanitária que tem devastado o Brasil.


O deputado federal pernambucano Túlio Gadêlha (PDT), que é um dos coordenadores da Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional do Congresso Nacional no Nordeste, acredita que a pandemia antecipou a discussão sobre a urgência da implantação de um programa de renda básica permanente no País. Para o deputado, o auxílio emergencial, apesar de socorrer muitas famílias, tem data para acabar, mas a fome e escassez de alimentos nos lares brasileiros, não. “Essa situação ainda irá maltratar os brasileiros por anos, por isso a necessidade de mais um programas”.


Túlio Gadêlha, que ficou responsável, dentro da Frente Parlamentar, por coordenar ações de combate à fome nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, citou em live com o vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL), nesta segunda-feira (19), que o número de brasileiros com pouca comida na panela tem aumentado ano a ano consideravelmente. “Em 2004, 64% da população vivia em segurança alimentar. Em 2013, esse número chegou a 77%. Já em 2018, o percentual voltou para 63% e em 2020 caiu para 44%”, comparou.


Vale ressaltar que em uma definição estabelecida na Conferência Mundial da Alimentação (CMA) de Roma em 1996, “a segurança alimentar ocorre quando a pessoa tem acesso permanente a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para satisfazer suas necessidades nutricionais e preferências alimentares”.

De acordo com o estudo mais recente feito pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça, 59,3% da população do Brasil, o que significa 125,6 milhões de brasileiros, convivem com algum grau de insegurança alimentar desde a chegada do novo coronavírus no País. Ou seja, essa população é obrigada a escolher um único alimento como opção de refeição. Com o cardápio escasso, muitas famílias também são levadas a decidir se vão se alimentar no almoço ou no jantar. “Deste dado, 19 milhões estão em situação de fome”, completou o pedetista.


Outro problema mencionado na live de Túlio com Ivan foi o crescente número de sem teto nas ruas da capital pernambucana. Segundo o vereador do PSOL denunciou, 200 famílias da Comunidade da Linha, no Ibura, estão ameaçadas de despejo pela Transnordestina. “Se a prefeitura não se antecipar à resolução desse problema, as ruas da cidade devem ganhar mais moradores”, presumiu.


De acordo com o último levantamento do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, mais de 140 mil pessoas estão em situação de rua no Brasil. Entretanto, estima-se que essa população tenha dobrado após piora dos indicadores sociais e econômicos em razão da pandemia da Covid19. “Recife é considerada a capital da desigualdade social. Não podemos aceitar. Devemos lutar contra esse titulo”, afirmou Túlio Gadêlha.




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